sexta-feira, fevereiro 1

A Necessidade e o Engenho


Ela estava deitada na cama, um colchão pousado no chão da casa nova. Transpirava abundantemente e tossia como o Krakatoa, expelindo detritos desagradáveis. Nos intervalos da tosse, recostava-se com um suspiro cansado e dormitava.

Tocaram à porta, e - sinal evidente de delírio - acreditou que era o canalizador que esperava desde a véspera. Com mãos trémulas e pálidas, vestiu o roupão bem quente e arrastou-se até à porta, que abriu sem qualquer inspecção prévia através do óculo. Ficou paralisada quando em vez do canalizador viu na sua frente dois homens jovens e altos, cabelo à escovinha, camisa branca, calças escuras, mala a tiracolo, livrinho na a mão e sorriso publicitário na cara:
"Bolas!- pensou, desesperada no meio da febre- Só me faltavam estes!" e foi articulando, atabalhoadamente:
- Desculpem, mas estou muito doente. Não posso ficar aqui na conversa!
- Precisamente: está doente! Não acha que Deus podia podia curá-la, devolver-lhe a saúde?
"Bem... tenho que ser rápida e certeira, ou estou perdida!". Respirou fundo, e respondeu de modo suave e delicado:
- Sabem, não sei! Ultimamente não O tenho visto... Não se importam de Lhe perguntar directamente a Ele?
E, enquanto os visitantes se entreolhavam, fechou a porta gentilmente com um Boa Tarde muito doce!

1 comentário:

Klatuu o embuçado disse...

Pior aconteceu à Lili Caneças, que foi forçada a ter sexo por dois extraterrestres do Planeta Agostini... :)