domingo, maio 25

Para a Bell


Entrámos na loja chinesa para substituir o transformador Made in China vendido pela PT juntamente com o telefone sem fios, e esturricado ontem por um trovão de Maio.
Ao balcão, a senhora da cabelos brancos debatia-se com algumas dúvidas existenciais sobre o brinquedo conveniente para o neto que já tinha tudo, e lá fomos espreitando pelas prateleiras, num turismo inocente e divertido.

Demorei a apreciar uns robes de chambre de renda e cetim, com cores sumptuosas, e graças a isso ouvi a avozinha perguntar ao vendedor:
- E quem era?
- Era a sogra...
- Ah, a sogra!... E como é que vocês, lá no Japão, dizem sogra?
- Dizemos sôgre. Sôgre é mandarim!
- AAHH... bem, então mostre-me também aquele!

Admirei a inesgotável cortesia do jovem comerciante chinês. Admirei a venerável anciã lusitana que esperava aprender japonês numa loja chinesa. Admirei este testemunho de um contributo trazido de tão longe para a nossa língua.
E admirei a facilidade com que se esclareceu um intrigante mistério : com tanta belle-mère, mother in law e tutti quanti, onde raio teríamos ido buscar a peregrina sogra?!

2 comentários:

Alda Serras disse...

Quem diria?! As palavras têm cada história curiosa;) Mas será a informação fiável? Afinal ele era chinês, ela perguntou do Japão, ele respondeu com o mandarim,...

(Obrigada pela tua gentileza!)

Eurydice disse...

O homem era chinês, claro que não seria provável saber japonês. Mas é quase impossível não saber mandarim, tanto mais que se notava ser uma pessoa instruída. Assim sendo, parece-me fiável!

Mais: ele ainda indicou uma versão noutra das línguas da China, e era parecida, com uma pequena variação da pronúncia. Mas como não fixei os pormenores, não quis referir essa parte da conversa.

Lembrei-me logo da primeira vez que fui ao Save by The Bell, e da Bell herself: a especialista em caça etimológica!... :)