domingo, janeiro 6

A Questão da Liberdade


"Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas sinceramente não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu Governo. O PM José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.
Temos de reconhecer: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo..."
António Barreto, em Retrato da Semana, Público de 6 de Janeiro de 2008

8 comentários:

Anónimo disse...

Bianca a descrição do nosso primeiro parece a descrição daquelas criançinhas mimadas que ficam todas amuadas quando são contradiadas.
A única diferença é que este senhor tem poder para levar a sua avante...
É uma criancinha mimada com poder para contradiar os outros, pelo menos por enquanto.

Anónimo disse...

Sócrates não é uma criança mimada! É um BURGUÊS MIMADO, armado em "socialista"!

Pedro Fontela disse...

O pessoal queixa-se muito mas quando a coisa é a doer muito poucos têm estomago para fazer frente a atitudes autoritárias de outras pessoas - falo por experiência própria... sempre que tive que agir na minha vida nestas situações inicialmente há sempre muito apoio mas para dar a cara a coisa já é muito mais complicada...

Anónimo disse...

Peço desculpa. Mas não compreendo bem. O Sócrates não é uma criança mimada , mas sim um burguês mimado, armado em socialista? E o que é um socialista senão um burguês mimado armado em trabalhador?

M.Carvalho

Anónimo disse...

Concordo M. Carvalho. O que é a esquerda caviar senão isso?

Eurydice disse...

Pedro, puseste o dedo naquilo que considero a VERDADEIRA ferida: a falta de reacção dos cidadãos. É verdade que as pessoas aderem bem à má-língua, mas não se esforçam muito para enfrentar os abusos do poder.
Se assim não fosse, como é que o Botas teria lá ficado tanto tempo sem grandes incómodos? Basta ver a meia-dúzia de resistentes que estavam nas prisões a 24 de abril de 1974!
A realidade é outra, mas o espírito é o mesmo: lamento que não tenhamos uma verdadeira cultura democrática, com capacidade para fazer sentir aos nossos governantes que o seu poder nem é auto-gerado nem provém de Deus, mas resulta de termos, enquanto cidadãos, delegado neles a soberania que nos cabe. Podem ser necessárias medidas drásticas, mas não podem ser tomadas como se às pessoas só assistisse o direito de se sujeitarem cegamente!

Esquerda caviar?... esta é mais postas de pescada! Congelada, já se vê!

Anónimo disse...

Excelentíssima Castafiori, a diferença do antigo "botas" para o actual "botas", reside apenas na cor do cabedal das meias solas e, do cheiro a cola das botas!
Houve "botas" que foram "botas", assumidamente "botas". Hoje há "botas" que dizem não ser "botas", mas que não passam de outros "botas".

«...há vinte cinco anos, Portugal estava quase todo à esquerda; hoje é quase todo democrata e, antes de 1974, era quase todo salazarista. No ínicio do século era quase todo republicano e, anteriormente quase todo monárquico.
Há um Portugal profundo que parece não mudar.»

António (cartoonista)- Abril de 2000

Eurydice disse...

Excelentíssimo Anti-Rousseau, as tuas considerações são interessantes, sem dúvida.
Mas convém talvez não esquecer que os "republicanos", "monárquicos", "esquerdas" e "democratas" que referes se calhar não são exactamente as mesmas pessoas, pois não?

No entanto, o peso de "l'air du temps" sobre as opiniões e convicções de cada um dá que pensar - e aí dou-te razão.