sexta-feira, junho 1
Em memória de Hipátia
Yoshikazu Tanaka, Moonlight
Entre os génios matemáticos da Antiguidade conta-se Hipátia de Alexandria (370 - 415), a primeira grande matemática de que se tem conhecimento.
Hipátia era filha de Teão de Alexandria, também matemático distinto e autor de várias obras. Sabe-se que seu pai, um eminente professor no Museu de Alexandria (do qual mais tarde se tornou director), foi simultaneamente seu tutor e seu professor.
A sua educação obedeceu aos mais exigentes padrões da época, pois, para além de um cuidadoso treino físico, incluiu arte, ciência, literatura, filosofia, oratória e retórica.
Esta mulher extraordinária é um marco da História da Matemática que poucos conhecem, tendo sido equiparada a Ptolomeu (85 - 165), Euclides (c. 330 a. C. - 260 a. C.), Apolónio (262 a. C. - 190 a. C), Diofanto (século III a. C.) e Hiparco (190 a. C. - 125 a. C.). A sua paixão pela matemática e o brilho das suas aulas atraiam alunos vindos de todo o lado.
Do seu trabalho, pouco chegou até nós. Alguns tratados foram destruídos no incêndio da Biblioteca de Alexandria, outros no saque do templo de Serápis. Sabemos que desenvolveu estudos sobre a álgebra de Diofanto ("Sobre o Canon astronómico de Diofanto"), que escreveu um tratado sobre as secções cónicas de Apolónio ("Sobre as Cónicas de Apolónio") e alguns comentários sobre os matemáticos clássicos. Em em colaboração com o seu pai, terá escrito um tratado sobre Euclides.
Trocava cartas com um notável filósofo, Synesius de Cirene (370 - 413), um seu antigo aluno. Através destas cartas ficou a saber-se que Hipátia inventou alguns instrumentos para a astronomia (astrolábio e planisfério) e aparelhos usados na física, entre os quais um hidroscópio.
Sendo uma ilustre pagã, foi vítima da ira dos cristãos, que então procuravam dominar os centros de maior importância económica e cultural: quando regressava do Museu, foi assaltada em plena rua pelos seguidores de São Cirilo e lapidada.
Posteriormente o seu corpo foi lacerado com conchas de ostra, ou cacos de cerâmica, consoante as versões existentes. Os seus membros ensanguentados foram exibidos nas ruas.
Donde podemos concluir que o fundamentalismo religioso tem raízes muito fundas e muito antigas. Quando chegaremos a extirpá-lo?
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