segunda-feira, junho 11

Stalker, ainda


Tarkovsky, 1979
Fui buscar este pedacinho de filme apenas porque ele permite perceber a atmosfera em que aquele se desenrola, bem como o ritmo, o tipo de sons, a angústia e a incerteza que atravessam toda a obra.

Na altura, foi, para alguns, metáfora sobre a sociedade totalitária; para outros, alegoria descrevendo a angústia metafísica. Talvez ainda houvesse outras interpretações, mas só retive estas. Para mim, foi uma viagem interior.

Classificado sob o confortável rótulo de ficção científica e mistério, merece-o na medida em que esses géneros têm servido para falar do inefável e do desconhecido, tanto quanto dos medos que isso nos inspira.
Não há praticamente história, para além de se tratar de uma viagem proibida a um sítio proibido e dominado por forças alienígenas. O que conta, o que é significativo, são as reflexões dos personagens à medida que avançam na sua demanda do absoluto prometido mas não garantido.
Deslumbrante.
Mas o amigo com quem fui vê-lo adormeceu logo a seguir ao genérico e só acordou quando as luzes acenderam. Por isso, é bem claro que há pelo menos DUAS opiniões sobre esta obra prima e premiada.

4 comentários:

""#$ disse...

é um estado totalitário...

Eurydice disse...

Aceito... Porque a viagem interior que suscita é precisamente a da reflexão sobre a liberdade concreta, diria eu. Sobre sermos o que somos. Sobre quais são as coisas de facto importantes, de facto inegociáveis.

Aceitando a realidade. A nossa realidade - da qual faz parte aquela em que nos inserimos - mas não submissamente.
Gostaria imenso de rever este filme! Será que ainda me desafiava com a mesma intensidade?

""#$ disse...

"""Gostaria imenso de rever este filme! Será que ainda me desafiava com a mesma intensidade?"""

Com um candeeiro ao lado, mas com toda a certeza....

Eurydice disse...

Hmmm... precisaria de um CANDEEIRO para perceber a sua piada!... :):P