domingo, abril 15

CAOS

Como a rosa que respira as dores humanas
coloco-me sobre a instabilidade dos afectos repartidos.


A Guerra
que terrível chega para
fraccionar a Terra e a soberba majestade das águas.
Dividir as bocas. Esmagar os dedos. Matar os gestos que respiram.

Poisamos na acre cerimónia das cinzas.
Cremamos emoções no cenotáfio que ninguém reclama.
Na vala comum depositamos sonhos de glória, mandrágora efémera
que Circe não empunhará.

Lúbrica e perdulária é a demanda
que se alimenta de hidrocarbonetos e infâncias quebradas pelo meio.
São dos outros os filhos a quem nunca sorrisos e chocolates
tentaram os dentes ralos.

E a memória que nos atravessa?
Átomos que estiveram noutras paragens.
Casulo, borboleta, larva. Que ordem? Que verdade?

Fractais.
Fórmulas, princípios, teorias.
Factos e valores.
Fome. Ossos. Disenteria.

Macrocaos. Microcaos.
Crisálida.

m.s., 2000

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