Cenas edificantes 1

Os transportes públicos são lugares de eleição para tomarmos o pulso da sociedade.
Hoje, iam sentadas no banco atrás do meu a criança do primeiro ciclo de escolaridade e a mãe.
Parte I
Mãe (tom amigável):- Vamos ter que andar aquilo tudo e eu estou tão cansada! Ainda agora saí do trabalho já vou ter que andar outra vez! Podíamos ter esperado pelo outro autocarro.
Filha (tom muito decidido):- Não quero saber! Eu gosto de andar a pé!

Parte II

Filha (tom animado):- Hoje disse à professora que se ela gritasse e batesse com a régua na mesa tinha bola vermelha, e se não, tinha bola azul.
Mãe:- E que é que ela disse?
Filha:- Riu e disse:"Então eu também tenho registo de comportamentos, é?"
Mãe:- Só tem é que ter! VOCÊS FAZEM O MAPA E PÕEM LÁ AS BOLINHAS AZUIS E VERMELHAS!

Parte III

Mãe:- Estiveste sentada outra vez na cadeira partida?
Filha:- Não. Eu vi-a na mesa atrás de mim.
Mãe:- E se te calhar outra vez dizes à professora que a tua mãe não quer que te sentes lá! Dizes mesmo que é a tua mãe que não quer que te sentes lá! Dizes que és uma criança e a tua mãe não te quer sentada nem nessas cadeiras nem nas grandes onde ficas com as costas tortas.

Não vou fazer propriamente comentários, mas apenas alguns reparos ou antes: "sublinhados".

Primeiro: A mãe deixa a filha decidir que irão a pé, quando está cansada;

Segundo: A mãe fala com a filha como se a professora estivesse no mesmo plano de autoridade da criança;

Terceiro: A mãe não ensina a filha a abordar de forma correcta e delicada a questão das cadeiras, obviamente importante para a saúde; antes assume uma postura de superiora hierárquica da professora, minando a autoridade desta perante a filha.