quinta-feira, maio 24

Flores para Rafaela


Kazutochi Sugiura, Iris

A Rafaela atravessou na passadeira porque um automobilista parou para que ela e o colega atravessassem. Adiantou-se, rápida, para não fazer esperar o amável condutor.

O colega, que não foi tão rápido, viu o outro automobilista ultrapassar na passadeira, de telemóvel encostado ao ouvido, atropelar a Rafaela e desaparecer com a mesma velocidade excessiva que já trazia. A menina foi levada para o Hospital, e não sobreviveu. Era aluna do décimo ano. Até ontem.
Hoje, os colegas vestiram-se de preto e toda a Escola guardou um dorido minuto de silêncio pela Rafaela.


Hoje, o condutor foi apanhado pelas autoridades. Afirma que não teve qualquer culpa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu conheci a Rafaela o ano passado no 9º ano.
Ontem dei por mim com os olhos a rebentar de lágrimas, encostado a uma das janelas da biblioteca da escola...quando ela passou.
Nestes momentos só me apetece o silêncio. E assim fiquei!
Esta profissão por vezes tem destas coisas.
O meu abraço também à Cristiana.

Eurydice disse...

Eu não conheci a Rafaela. Mas conheci outros 12 ou 13 que, ao longo dos anos, também partiram com a mesma idade, ou pouco mais - por acidente, doença ou desespero.

A morte de jovens parece tão CONTRA-NATURA!
Sobretudo quando morrem porque um adulto não cumpriu as mais elementares regras de trânsito.