domingo, maio 13

Machismo?

Tenho dificuldade em aceitar o rótulo de machismo para explicar certas situações, por entender que o problema ultrapassa em muito a questão do domínio dos homens sobre as mulheres enquanto parceiros sexuais.

Vejo todos os dias mulheres que usam de todos os truques para manterem os seus filhos e filhas debaixo de controle: vale tudo, incluindo deixá-los fazer tudo sem critério, para não ganharem independência; vejo homens ainda jovens a mandar nas namoradas, a decidir o que podem ou não fazer, o que podem ou não vestir, os amigos que podem ou não ter, o futuro que podem ambicionar; vejo mulheres jovens mandar nos namorados, controlar as suas horas, os seus amigos, os seus planos, os seus ordenados; vejo cônjuges a usarem dos mais baixos truques para não deixaram o outro conseguir o divórcio que deseja - intimidações, manobras dilatórias, chantagem sobre os filhos ou através deles.
E a verdade é que uns e outros se acomodam.

Para mim tudo se passa a um nível muito mais profundo. E a clivagem não é entre os dois géneros, mas entre cada pessoa e ela própria, em primeiro lugar. Quem é fraco precisa de dominar o outro. Quem não ama a liberdade porque a teme para si, também a teme no outro e para o outro. Quem não aprecia a verdade, também não a aprecia nas suas relações com o outro.
Depois, também não acredito em colectivos, nestas coisas: não são problemas de classes. Há mulheres livres e há homens livres. E há os OUTROS, tanto homens como mulheres.

Falar de machismo é pouco, e não explica nada.
Falemos de mediocrismo agressivo: o culto feroz da mediocridade acomodada.

7 comentários:

Raimundo_Lulio disse...

Também concordo. Não é uma questão de classes. Encontro-o em todas as classes e em todas ideologias mais ou menos conservadoras e mais ou menos progressistas.Sobretudo, é uma questão educação, uma educação para a liberdade e autonomia.

Anónimo disse...

Pior que o "machismo" é o "anti-machismo"!!!
Pior que uma sociedade controlada pelos homens é uma sociedade controlada por "anti-homens" - aqui incluo também os gays, obviamente, mas muito mais as mulheres que, naturalmente e sadiamente, não o sabem ser!
Ehehehehe...então e esta? O gajo é mesmo machista-chauvinista!

Eurydice disse...

Bem Rui, aí não estamos mesmo de acordo, porque para mim é um problema que não tem a ver nem com classes nem com géneros nem com orientação sexual ou clubística ou politico-partidária. É um problema de pessoas. Acho que o Raimundo Lúlio sintetizou bem a questão.

Ah, e que é isso de saber ser mulher "natural e sadiamente"? É preciso praticar desporto ou não?... ;P

Anónimo disse...

Ser mulher, "naturalmente e sadiamente" é toda aquela que o é sem anti-machismos primários!
Tal como afirmei, pior que o "machismo", independentemente da classe ou clube, é o "anti-machismo"!
Acho inclusive, nesse aspecto, que esta sociedade ainda não encontrou o equilíbrio "natural e sadio"!

Letícia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Letícia disse...

Rui, confesso que não percebo bem esse conceito do "anti-machismo"... parece-me que essas mulheres de que falas são machistas femininas (sim, a "igualdade" chegou a todo lado e o machismo passou a existir em feminino... talvez como "feminismo"?)

ou melhor, subscrevendo raimundo também, parece-me que falas de pessoas parvas e ponto final.

todo e qualquer exagero é um problema de pessoas, de educação, de crescimento, de moral, de inteligência emocional... sobre qualquer assunto.

Anónimo disse...

Concerteza!
Pior do que a "parvoice" só a outra "parvoice"!
Pura e simplesmente acho que homens e mulheres são diferentes e devem continuar a ser. Mas...há muita gente que assim não pensa.