Vieste um pouco antes de soarem os sinos cristãos, quando o crescente lunar se abria no céu,
Como a branca sobrancelha de um velho ou a curva delicada de um pé.
E, apesar da noite, o arco-íris brilhou no horizonte, o arco de múltiplas cores, cauda enorme de pavão.
Ben Hazm
Granada, séc XI D.C.
(traduzido por Herberto Hélder)
Este poema encanta-me pela delicadeza das imagens, mas também por revelar, en passant, que cristãos e muçulmanos podiam viver perto uns dos outros sem conflitos, e que isso era suficientemente NORMAL para que a hora seja insinuada pela referência aos sinos cristãos.
Teríamos todos vantagem (o Ocidente tanto como o Islão) em reaprender a História do que foi o relacionamento dos nossos povos, mesmo em tempo de Reconquista mútua.
A mim parece-me cada vez mais evidente que uma minoria barulhenta e violenta conduz a orquestra, e os seus objectivos não são os da maioria. Convém muito aos poderes instituídos, tanto de um lado como do outro, manter a desordem, a violência, o confronto e as mortes.
Mas não é isso que convém às PESSOAS. Ao povo. E não é isso que a História nos ensina: o que nos ensina, é que durante séculos pudemos trocar conhecimentos e aprender uns com os outros. E VIVER uns com os outros lado a lado.
terça-feira, maio 15
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