Babel

Realizado por Alejandro González Iñárritu, 2006
A controvérsia em torno deste filme foi imensa. Chegou a dizer-se: "Gosta de BABEL? Não gosta dos críticos!"
Para mim é um filme essencialmente trágico, onde pessoas boas desencadeiam o mal precisamente por serem boas, por respeitarem os seus valores. Como a ama mexicana que leva os meninos consigo para não os deixar com estranhos. Como o caçador japonês que oferece a magnífica arma ao guia marroquino em agradecimento pelo seu trabalho. Como o honesto pai marroquino que tenta resolver o problema criado pelos filhos e ao mesmo tempo protegê-los.
É também um filme que nos interpela sobre o que é ser CIVILIZADO, o que é ser humano e atento ao próximo e às suas necessidades. Interpela-nos também sobre as paranóias políticas - o Governo dos States está tão obcecado pela hipótese do ataque terrorista, que se esquece de providenciar a ambulância com a urgência necessária para salvar a turista americana - ferida por um acaso tão absurdo como o é a maioria dos acasos.
Tem ainda uma interessante forma narrativa, como que em espiral, que deixa espaço para uma perspectiva aberta da leitura e das mútuas implicações das histórias vividas pelos personagens.
Um filme belo e comovente, servido por actores excelentes e muito bem dirigidos. Profundo. Dá que pensar.

Acaba por ser um eficaz libelo contra a xenofobia. Precisamente por nos mostrar pessoas em diferentes contextos culturais. Pessoas, simplesmente. Não arquétipos do folclore multi-étnico e politicamente correcto, mas pessoas muito concretas e muito reais.
Ah, e ainda por cima tem uma banda sonora extraordinária!