domingo, julho 29

Gilbert Keith Chesterton

Com a mulher, Frances.



The Man Who Was Thursday, 1908: O Homem que Era Quinta-feira.
Um livro onde nada é o que parece, e nada parece o que é. Metafísica carregada de um humor original, Deus e o Diabo trabalhando cada um para seu lado como manda a tradição, numa canseira infindável.
Criada num catolicismo rígido e severo, onde não havia espaço para interrogações e as dúvidas eram resolvidas pela cartilha, foi uma lufada de ar fresco na minha adolescência.

Se nos lembrarmos que Chesterton era conservador, se converteu ao catolicismo por achá-lo mais compatível com os seus próprios valores universalistas e escreveu obras tão diferentes como Divórcio versus Democracia; A Superstição do Divórcio; Eugenismo e Outros Males; O Apetite pela Tirania; Governo e Direitos Humanos, podemos perceber que era um espírito complexo e invulgar. Era também um homem gregário e afectuoso, com um sólido sentido de humor, uma grande modéstia e uma coragem inabalável na defesa dos seus valores e princípios.
Exprime a sua filosofia política em obras como What's Wrong With The World, 1910, e chama-lhe distributivismo. Pode resumir-se numa fórmula muito simples: todo o homem deveria ter condições para possuir três hectares e uma vaca, de modo a assegurar a sua subsistência e dignidade.
Sim, é uma fórmula estranha, mas tem pelo menos a qualidade de ser coerente com a sua visão conservadora da sociedade.
Para além das mencionadas, deixou muitas outras produções, entre ficção, poesia e ensaio. Inesquecível é o seu original Padre Brown, o investigador perfeito que trabalha tentando entender a alma do criminoso em vez de usar a dedução.
Agora que vai ser reeditado em português O HOMEM QUE ERA QUINTA-FEIRA, valia a pena lê-lo e relê-lo. Existem todas as probabilidades de constituir uma experiência agradável e tonificante.
Mais dados sobre a bibliografia de Chesterton AQUI

2 comentários:

Igor Caldeira disse...

A fórmula dos três hectares tem um problema. Em portugal a densidade é de 100 habitantes por quilómetro quadrado, logo, cada habitante só poderia ter um hectare.
Ía ser o cabo das tormentas.

Eurydice disse...

Acho que nem o CDS, em 1976, foi capaz de resolver a equação!... hihihi
Eu costumava dizer que o resultado seria cada um de nós ter UM VASO DE MANJERICO!!