quinta-feira, julho 19

Agustina Bessa-Luís


Nascida em 1922, no Concelho de Amarante. A 15 de Outubro.
Escritora única no seu género, entre nós, de difícil contextualização na história da literatura portuguesa em termos de correntes, e preocupada com a condição social e cultural dos portugueses, segundo a Wikipedia. Colaborou por várias vezes com Manoel de Oliveira escrevendo diálogos para alguns dos seus filmes.
Tem cerca de cinquenta obras publicadas nos mais variados géneros: romances, peças de teatro, biografias, ensaios, livros infantis.
De todas elas, a minha preferida é Adivinhas de Pedro e Inês, 1983.

Gosto da sua construção em espiral. É como se, partindo de um conjunto de elementos toscos e inacabados, se elaborasse um quadro cujas figuras vão ganhando sentido aos poucos. É sempre o mesmo quadro, mas cada vez mais rico de cores, movimentos, luz e perspectiva. Há algo de artesanal nessa construção, como se deliberadamente Agustina escolhesse seguir um percurso em que parte de uma forma menos perfeita de escrita, aperfeiçoada à medida que a obra se desenvolve e as imagens de Pedro e Inês se vão tornando claras. Como se a própria escrita se iluminasse à medida que a realidade retratada se vai tornando mais clara.

A sua interpretação das razões que motivam a morte de Inês é inesperada e muito pertinente. Admira-me que não seja objecto de mais análises: teria gostado de ver os historiadores discuti-la!

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