terça-feira, julho 31

Leonhard Euler


1707-1783
"Durante a sua estada em Berlim, que durou um quarto de século, Euler navegou por mares nunca dantes navegados - e elevou a matemática a picos desconhecidos. Muitos dos seus artigos e monografias fundaram, literalmente, novas áreas da matemática, mas também os seus métodos e forma de pensar eram genuinamente inovadores.
Num certo sentido, Euler foi o primeiro matemático da era moderna. Normalmente, associa-se a matemática da era moderna à criação do cálculo infinitesimal, e portanto às figuras de Leibniz e Newton. (...) a perspectiva do autor destas linhas é ligeiramente diferente: aquela só surge quando o infinito está totalmente integrado no nosso modo de pensar. (...) Euler foi o primeiro a fazê-lo de forma sistemática, e quem nos mostra como fazê-lo da forma correcta. Antes de Euler, o infinito aparecia em argumentos pontuais, isoladamente, casuisticamente. newton formula o cálculo diferencial e integral (que apelida de "fluxões") por via essencialmente geométrica, não usando o infinito como ferramenta fundamental. Leibniz utiliza os infinitésimos para definir derivadas e integrais, mas rapidamente eles desaparecem e todos os cálculos se fazem sem o infinito.
(...)Voltaire escarneceu publicamente de Euler caracterizando-o como "alguém que, nunca tendo aprendido filosofia, teve de se satisfazer com a fama de ser o matemático que preencheu mais folhas com cálculos". Frederico II, com as suas preferências por Voltaire e pelos literatos franceses, chamava-lhe "o meu ciclope" - referência pouco humana, mais do que à sua estatura intelectual, ao seu defeito físico.

Em Sampetersburgo, Euler prossegue a sua prodigiosa actividade científica ao mesmo ritmo alucinante. No entanto, sofre em 1771 um rude golpe, que poria fim à vida produtiva de qualquer ser humano normal: perde o olho esquerdo, ficando assim totalmente cego. Mas Euler não parecia deste mundo. Ao que se diz, teria afirmado "assim tenho menos distracções ; agora posso dedicar-me totalmente à matemática". E tinha razão: quase metade da sua produção científica (mais de 400 trabalhos) data desta segunda estada em Sampetersburgo."
Jorge Buescu, in: O Fim do Mundo Está Próximo?

Jorge Buescu escreveu, entre outras coisas, O Mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias (2001) e Da Falsificação de Euros aos Pequenos Mundos (2003)

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